Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

“Noantri marcolinari, gavemo la chiesa de muro, el campanile de pietra e el cemitério de sasso, vera ah?”

“Nos Marcolinari (de Marcolina/Otávio Rocha) temos a igreja de muro, o campanário de pedra e o cemitério de pedra, verdade ah?”

Aqueles imigrantes que se estabeleceram nos travessões da 10ª Légua, vindos todos de Vicenza, em 1882/83, criaram uma espécie de ilha Vicentina. Ali se falava, se comia, se vestia, se plantava... como se fosse lá, em suas origens. E esse sentido de união e a fartura nas propriedades rurais estimulou para concentrarem seus serviços comunitários em uma área não deixada para tanto pela Colônia Caxias, e sim num pedaço de lote do Trav. Marcolino Moura. Ali edificaram, de 1900 a 1905, a primeira capela de alvenaria dedicada a São Marcos. Outro momento forte foi a decisão de construir um campanário para colocarem os três sinos. 
Decididos e autorizados pelos Capuchinhos, calculam os custos e dividiram entre as 37 famílias, pelo que parece todas produtoras de vinhos. Quem faz mais vinho paga mais.  
E inspirados pela Torre do Santuário de Caravaggio, edificam uma, que o jornal “Stafetta Riograndense”, de Garibaldi/RS (05.05.1921), elogia a obra,  como “um campanário tão alto quanto um terço do de Veneza!” e, ainda,  como a “mais alta Torre da Região Colonial Italiana gaúcha”. 
No dia 22/05/1921, foi realizada a grande festa de inauguração. O mesmo jornal na edição de 08.06.1921, relata: “Às 10:30 a missa solene começou. Era o  celebrante o Revmo. Cônego Padre Giulio Scardovelli (Nova Pádua) coadjuvado pelo Vigário Foraneo Padre Giovani Meneguzzi e pelo Rev. Pe. Luigi Maria, Capuchinho”.  
No santuário foi notada a presença de Ilmo. Coronel Penna de Moraes, Intendente de Caxias e do talentoso escultor Michel Ângelo Zambelli, autor da imagem de Sta. Eurósia e de Jesus Redentor da Torre.  
Seguiram outras atividades religiosas e o chamado banquete para as autoridades civis e religiosas presentes.   
No final da refeição, o Revmo. Vigário de Caxias, D. Giovanni Meneguzzi, fez um brinde em geral e a todos os Marcolinaros, acrescentando sorrindo: “Vocês foram melhores que os Caxienses, porque começaram o seu Campanário depois do nosso, e vocês terminaram antes”.  
Agora no próximo dia 22/05,  assinala o centenário da inauguração da torre de Otávio Rocha. Quando foi construída nos anos de 1919 a 1921, pertencia a Caxias, ao distrito de Nova Pádua e à Paróquia de Nova Trento/Flores da Cunha, atendida pelos Freis Capuchinhos. 
Os tempos difíceis de pandemia estão interferindo nas grandes festividades que estavam sendo programadas. Por certo, as comemorações serão realizadas no próximo ano, com muita esperança.