Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

- Ndemo catarsu foie de simaron, lè tipo um ciá, che el fà ben al corpo!

O mês de setembro vai dando adeus, e para o povo do sul do Brasil, recordamos a nossa história da guerra e heróis Farroupilhas

O mês de setembro vai dando adeus, e para o povo do sul do Brasil, recordamos a nossa história da guerra e heróis Farroupilhas. A figura de Garibaldi não é mais tão lembrada, destacando-se do cenário mundial como o “herói de dois mundos”. Eu ainda não entendi, aqui lutou para separar parte do Brasil, e a Itália, no mesmo dia 20 de setembro, celebra o feito de Garibaldi ter trabalhado pela unificação italiana. 
Marca setembro também o despertar da primavera, estação das flores, o florescer das nossas frutas representadas por uvas, pêssegos, ameixas, morangos... e me lembra, lá nos velhos tempos, a época da colheita das folhas, em plantas de chimarrão silvestres no meio das matas.    
Quem vem ao sul do Brasil vai ver um tipo extraordinário que se chama de “gaúcho”. Os aventureiros imigrantes italianos aprenderam muitas coisas com eles, e também a apreciar e beber um chá que chamavam de “simaron”. Mas vejam que no meio da “Mata Atlântica” acharam plantas da “ervamate”, orientados, sem dúvida, pelos povos que habitavam há mais tempo os campos da Vacaria.  Lembro-me que quando eu era pequeno, íamos junto com os irmãos mais velhos na mata, e acolhendo os galhos que vinham das árvores no meio dela, cabia a nós retirar as folhas e despejá-las sobre uma espécie de lençol. Com os primeiros caminhões circulando, em substituição às velhas carretas, puxadas até por mais de 10 animais, os grandes fardos das folhas, formando sacos, eram colocadas a bordo do caminhão e conduzidos para as firmas que produziam o chimarrão. Ali, nos chamados “barbaquá”, havia toda uma infraestrutura para dar uma sapecada nas folhas, e em sequência sofriam uma trituração ou socagem antes de serem ensacadas ou vendidas à granel.  
No município de Caxias, nos distritos de Nova Trento (futura Flores da Cunha) e Nova Pádua, em 1913, haviam várias fábricas de erva-mate, os chamados barbaquá: Augusto Granito, Travessão Salgado; Celeste Muliner, Trav. Marquês do Herval; José Bordin, Trav. Alfredo Chaves; Nicola Tadiello, Trav. Marcolino Moura; Pedro Folle, Trav. Cavour; e Vanâncio Mascarello, Trav. 7 de Setembro. (O Vindimeiro, 08.06.1974). 
Com o tempo, foi-se abandonando a colheita das folhas da erva-mate, devido à outras atividades dos agricultores, e também o surgimento de grandes plantações da própria árvore e de empresas maiores, dedicadas a essa atividade.  
O chimarrão é uma bebida que faz bem, e tem um alto consumo em toda a América do Sul, por conseguinte, também nas famílias italianas se faz presente.  
Mas, para terminar, tinha também um MAS: para tomar o chimarrão tem que parar de trabalhar, e não precisa repetir, que o trabalho era a preocupação principal. Mas é um chá, que faz muito bem para o corpo humano.