Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

-“Desso gaveno na Ciesa nova, ndemo far una Festa della ua”

Com a criação da Paróquia de Otávio Rocha em 1962 (60 anos) a histórica capela dedicada a São Marcos começou a correr risco de vida

Com a criação da Paróquia de Otávio Rocha em 1962 (60 anos) a histórica capela dedicada a São Marcos começou a correr risco de vida. Por ser pequena, numa época em que todos iam à missa, o vigário Padre Pedro Piccoli, conhecido por ser um empreendedor, começou a motivar para a construção de um novo templo. E assim foi feito, com o apoio comunitário em recursos e mão de obra, erguem-se as paredes no entorno de uma das mais antigas capelas da região (1905) em estilo romano. Nasce, pois, um novo templo, fugindo completamente dos estilos centenários trazidos pelos imigrantes. 
Os anos 60 previam uma mudança de costumes e até no modo de construir. A arquitetura de linhas retas, desenhavam uma caixa de fósforos e, no interior, desapareciam os belos altares, púlpitos, batistérios e até estátuas foram retiradas. O vigário, em suas pregações motivadoras, se referia a um marco, a “primeira igreja em estilo moderno no interior”, que seria, um dia, além de religioso, um atrativo turístico.  
Da ideia parte-se para a ação e, muito próximo à inauguração, o vigário se expressa: “Que tal fazermos uma Festa da Uva no dia da inauguração?”. Motivos tinha de sobra:  expressiva produção de uvas, a presença de várias firmas vinícolas, dois hotéis e o destaque da Granja e engarrafadora Slaviero, berço do enoturismo. O Jornal Pioneiro, em uma edição, destacava: “Devemos recordar que a paróquia de Otávio Rocha é a que produz mais e as melhores uvas do Estado e do Brasil. Basta dizer que aos primeiros prêmios das Festas da Uva de Caxias, sempre foram conquistados pelos colonos de Otávio Rocha”.    
A Festa recebeu o nome de “Paroquial”, pois envolvia também as cinco capelas, sendo que duas pertenciam a Caxias: Santa Justina, São Luiz e São Bartolomeu. Mas por trás da interessante ideia da Festa, o reverendo viu a possibilidade de arrecadar recursos extras, fora dos dízimos e benfeitores para arcar com as despesas da construção. A primeira novidade foi fazer a escolha da rainha da festa, que teve a participação de quatro comunidades, com a venda de votos. Assim, foi eleita rainha da 1ª Festa, a senhorita Terezinha Slaviero (Trav.Carvalho) e princesas Elisabete Molon (Otávio Rocha), Carmem Schio (Santa Justina) e Sílvia Scopel (São Luiz). A coroação da 1ª rainha foi procedida pela soberana da Festa da Uva de Caxias, a destacada Sílvia Ana Celli.  
Portanto, em 20 de fevereiro de 1966, teve início a 1ª Festa Paroquial da Uva e foi realizada a grande festa de inauguração da moderna Matriz de Otávio Rocha. O engenheiro, Ildo Meneghetti, Governador do Estado, e numerosa caravana prestigiaram as festividades. Além do livro de ouro, as refeições servidas e outras contribuições fortificaram os cofres paroquiais.  
A festa teve uma repercussão excepcional e, no ano seguinte, nascia em Flores da Cunha a Festa da Vindima, promoção essa que, se por um lado veio projetar nacionalmente o município florense, por outro, fez desaparecer até 1977 a realização da nova festa em Otávio Rocha. As experiências das Festas do Colono e Motorista, desde 1973, motivaram para o retorno da Festa da Uva, em 1977, que ganhou exposição dentro de uma vinícola, desfile de carros alegóricos e outros atrativos. Em sequência, as festas foram se realizando e estamos vivendo a 14ª Festa Colonial da Uva e a 4ª Festa do Moranguinho. Muita gente pergunta: “Como assim, morangos em Otávio Rocha?”. Pois é, foi uma cultura que nasceu como atividade pioneira, agregada à cultura da uva e a feitura do vinho, e cultivada no sistema semi-hidropônico, se mostrou positiva e  agrega valor às atividades agrícolas.   
É interessante destacar que no evento atual, a predominância das novas gerações na organização, testemunha a esperança da continuidade da festa, no engrandecimento de toda a região.  
Quero, por oportuno, homenagear a todos os presidentes, diretorias e soberanas que se envolveram nessa importante festa. Não podemos esquecer dos prefeitos, dos subprefeitos, dos padres vigários, no ano que também estamos comemorando os 60 anos da fundação da Paróquia São Marcos.  
E podemos, agora, comemorar com uma boa taça de espumante!