Homenagem
Veja só, caro leitor, agora meu nome está gravado...
Veja só, caro leitor, agora meu nome está gravado em letras-caixa metálicas no alto da porta da Sala de Leitura e Estudos da Escola Municipal Rio Branco.É sincero o que digo: não sei se sou merecedor da homenagem.
Da escolinha do professor Vailatti e da professora Helena do Travessão Paredes até a plaqueta com meu nome na Rio Branco foi uma longa caminhada.
Da escolinha do Paredes, em que todo o acervo de livros cabia num cantinho do pequeno armário até a Sala de Leitura e Estudos da Rio Branco foram vinte livros publicados. A Sala de Leitura da Rio Branco é maior do que a minha escolinha do Paredes, onde me higienizei no ler e escrever.
Dos castigos ajoelhado sobre grãos de milho em frente ao quadro negro da escolinha do Paredes até a homenagem que acabaram de me prestar na Escola Rio Branco, passaram-se mais de quarenta anos de vida.
Estou contando isso a você, amigo leitor, não para me exibir, mas porque acho que é obrigação agradecer publicamente a homenagem. De mais a mais, a sugestão de designar a Sala de Leitura e Estudos com o meu nome partiu dos próprios alunos da escola, com a qual mantenho uma profunda relação de carinho. É óbvio que a brilhante iniciativa teve a mão do poder público municipal e da direção, coordenação e professores da Rio Branco, mas o fato dos alunos terem feito a indicação me estimula, ainda mais, a continuar a minha trajetória literária.
Antes de ser escritor fui — e continuo a ser — leitor. Os livros sempre foram meus grandes companheiros desde a meninice, muito embora hoje em dia escreva e leia menos do que gostaria.
Na infância e na adolescência, a leitura não era apenas minha distração predileta, mas também a chave que me abria o mundo e me anunciaava o futuro. Nos momentos ingratos de minha juventude, salvou-me da solidão. Mais tarde, ajudou-me a ampliar meus conhecimentos, a multiplicar minhas experiências, a compreender melhor minha condição de ser humano e o sentido do meu trabalho de escritor.
Minha contribuição prestada ao livro resume-se a duas dezenas de obras individuais e participações em antologias, nos mais diversos gêneros literários: novela, epigramas, poemas em prosa, crônicas a narrativa infanto-juvenil.
De qualquer maneira, acredito que todos deveríamos escrever ao menos um pouquinho e ler muito, desde bula de remédio até o avesso da passagem de avião e de ônibus para conhecermos nossos direitos. Esse é um caminho decisivo para o indivíduo expressar e reconhecer sua cultura, e também entender diferentes hábitos e costumes. No entanto, o ato de ler é um exercício, e como tal, para que os efeitos sejam duradouros, deve ter continuidade. É a apuração do conhecimento adquirido que leva à quebra de fronteiras e à capacidade de entender bem mais do que o texto escrito atrás da passagem de avião.
A leitura é indispensável em qualquer momento da vida, tempo e lugar. O livro transmite pensamentos, traduz emoções, estimula a imaginação e o sonho, permite que nossas vivências cotidianas se transformem em um mundo cheio de encantos e seduções, dando à vida um sentido intelectual e espiritual de inestimável valor.
Assim, desejo que a Sala de Leitura e Estudos que leva meu nome seja freqüentado o tempo todo para pesquisa, estudo, leitura e aprendizagem.
Digo isso com fé, espero com certeza.