Em tempos de crise
É bem conhecida a história do homem que vivia à beira de uma estrada, onde vendia cachorro-quente. Ele não ouvia rádio. Não lia jornais. Mas ele vendia cachorro-quente.
bem conhecida a história do homem que vivia à beira de uma estrada, onde vendia cachorro-quente. Ele não ouvia rádio. Não lia jornais. Mas ele vendia cachorro-quente. Colocava cartazes na estrada, fazendo propaganda da qualidade de seu produto. Ficava na beira da estrada e oferecia o seu produto em alta voz, e os clientes paravam para comprar cachorro-quente. Lentamente o negócio do cachorro-quente foi prosperando. As vendas aumentavam cada vez mais aumentava a compra de salsicha e de pão. Comprou um fogão industrial para melhor atender os fregueses... O homem do cachorro-quente conseguiu até mesmo enviar seu filho para estudar na cidade grande. Em um incerto dia, o filho, já formado, retornou para visitar o pai e viu que as coisas não haviam mudado muito. Mal chegou e foi logo dizendo ao pai: – Pai, o senhor não ouve rádio! Não lê jornais! Há uma crise no mundo. A situação na Europa é terrível e a do Brasil ainda pior. A vaca está indo para o brejo. Há casais puritanos fazendo vídeos caseiros pornôs para enfrentar a crise. O pai pôs-se a refletir... Meu filho deve estar com a razão. Ele estudou, lê jornais, ouve rádio. Ele sabe das coias. Então resolveu reduzir as compras de salsicha e de pão. Tirou os cartazes de propaganda e já não anunciava tão alto seu cachorro-quente, desanimado que estava pela notícia da crise. As vendas foram caindo, caindo, caindo... Então o pai finalmente disse ao filho: – Você está absolutamente certo, meu filho. Estamos vivendo uma grande crise. Cachorro-quente à parte, contra a crise, o humor ainda é o melhor remédio. – Descasque laranja a unha para poupar a faca. – Assine apenas as iniciais do nome para poupar tinta. – Sonhe sempre com a mesma mulher/homem para poupar o estoque de fantasias. – Dê um pirulito para o filho com a recomendação que o chupe sem tirar o papel. – Não empreste nada, nem a faca para matar o diabo. – Não dê nada de graça, nem sequer um bom dia. – Racione tudo, até água para a folhagem. – Corte tudo, até o palito de dente ao meio. – Corte tudo mesmo, menos o seu pessimismo. – Remende tudo, até confudir o remendo com o remendado. – Faça do pé seu meio de locomoção. O pé leva você de um lugar a outro, de graça. – Coma a carne do churrasco ainda berrando para economizar carvão. – Assista somente horário eleitoral somente porque é gratuito. – Seguir ao pé da letra a expressão “Comer com os olhos”. – Se não puder matar o banho, use toalhinha e água fria. – Não desperdice água por nada; sorria em vez de chorar. – Mude o cardápio. Em vez de comer arroz e feijão todo dia, num dia coma o arroz e no outro o feijão. – Não jogue nada fora, nem tempo para ler essa crônica.