Como vai?
Há muitas maneiras diferentes para se conhecer determinadas pessoas.
Há muitas maneiras diferentes para se conhecer determinadas pessoas. Talvez, uma das mais eficientes seja o modo pelo qual essas mesmas pessoas tentam conhecer você. A aproximação entre as duas pessoas, não raro costuma ser precedida de diálogos, no mínimo, hilariantes, senão leia alguns exemplos.Pessoas mumificadas no conservadorismo, vão logo interrogando:
– És filho de quem?
– Seu Laurindo?
– Ah, sim, Laurindo filho do Valentin, casado com Dona Ermelinda, cunhado do Benedeto, primo do Galtino?
– Muito bom, dá um abraço no teu avô? Por falar nele, como ele está do reumatismo?
Já as pessoas moralistas de véu e grinalda, perguntam:
– És casado com quem?
– Solteiro ainda?
– Não, mas moras junto?
– Mas a consciência não lhe pesa em cima do travesseiro?
As pessoas com instinto maternal ou paternal como queira, perguntam quase que instintivamente:
– Quantos filhos tens?
– Dois, um casal?
– Duas meninas?
– Porque não tentas um menino?
Os desconfiados de pai e mula fazem questão de saber:
– Vieste da parte de quem?
– O que o trouxe aqui? As pernas?
– Fale logo o que quer!
– Sejas breve, por favor?
Os mais abonados, montados no orgulho, esnobam:
– Tens casa em que praia?
– Fazes compras em Miami?
– Conheces Dubai?
– Investes na bolsa?
Os que parecem viver preocupados com as preocupações alheias, indagam:
– Tens passando bem?
– Tens dormido bem?
– Tens comido bem?
– Tens latido bem?
Os que tem pudim no cérebro apelam para as gírias:
– E aí brother?
– Beleza, cabeção?
– Tudo certo, mermão?
– E então, bicho?
Os malas, mal sabem seu nome, e cobrem você com floreios rimados:
– Flavião, meu amigão!
– Juvenal, o maioral!
– José, mermão de fé!
– Dagoberto, garoto esperto!
Somente alguns poucos, em acelerado processo de extinção, tem sabedoria para perguntar:
– O que é que sabes?
– Para onde vais?
– O que precisas?
– Que bom que vieste!