Coisas que ninguém vê
Ande por aí, mas ande bastante. Procure, pesquise, bisbilhoteie, investigue, cheire, pergunte e tente descobrir alguém que porte uma foto da sogra na carteira, mas não valem as exceções ampliadas por interesses escusos ou esdrúxulos.
Que tal um pouco de humor para combater o horror que cobre esses dias outonais?Não perca tempo procurando, você não irá ver mesmo.
Ande por aí, mas ande bastante. Procure, pesquise, bisbilhoteie, investigue, cheire, pergunte e tente descobrir alguém que porte uma foto da sogra na carteira, mas não valem as exceções ampliadas por interesses escusos ou esdrúxulos.
Continue em sua busca improdutiva e vê se consegue presenciar, ao vivo e em cores, a um enterro de anão ou, para ser politicamente mais correto, pessoas verticalmente prejudicadas.
Sem desânimo, por favor, que as buscas precisam continuar incessantemente pelas ruas e praças da cidade, até você conseguir encontrar notas de cem reais em caneco de mendigo cego. Se tiver a sorte grande de ver essa cena, apresse-se, porque quem vem logo atrás de você provavelmente fará sumir essas notas como num toque de mágica.
Continue nadando rio acima e tente encontrar um barco com vários remadores sem que haja pelo menos um folgado, balançando-o. É óbvio que você precisa sujar essa metáfora: correligionários em campanha política, trabalhadores brigando por melhores salários e assim por um caminho sem fim.
Tape o nariz e siga em frente. Vê se consegue testemunhar um banheiro público impecavelmente limpo. O mais provável é que você saia de um desses banheiros de calças arregaçadas, olhos arregalados e cabelo em pé feito um ouriço.
Mais uma coisa muito difícil de ser vista: parlamentar que tenha feito voto de pobreza e seja fiel a sua promessa. O que se vê, com certa frequência, é integrantes da classe política abonados graças aos votos dos pobres.
Como você percebeu, estou com a bateria cheia e preciso descarregá-la nesse alvo de papel.
Você provavelmente também nunca verá:
– Cabelo em cabeça de alfinete.
– Camelo passando pelo buraco de uma agulha.
– Tiririca lendo um livro.
– Frajola pegar o Piu-Piu.
– Calo em mão de socialite.
– Inteligência em cabeça-dura.
– Sensatez em cabeça-de-vento.
– Rabo de porco reto.
– Saci com duas pernas.
– Chuva de canivetes.
– A cor do burro quando foge.
– Vaca tossindo (‘Nem que a vaca tussa’).
– O lugar onde Judas perdeu as botas.
– Cabeça de bacalhau.
– Roberto Carlos (o cantor) de bermuda e Havaianas.
– Mãe dizer que seu filho é feio.
– Papai Noel.
– Coelho da Páscoa.
– O pão que o diabo amassou.
– Pintor de rodapé.
– Guarda-chuva esquecido num lugar público ser recuperado.
– Abridor de lata para canhoto.
– O vento.
– Meteoro de perto.
– Moeda de 99 centavos (para facilitar o troco).
Bem ou mal, é melhor parar com isso para não imitar o relógio, que anda, anda e não chega a lugar algum.
Por falar nisso, você já viu relógio voltar do conserto e continuar funcionando perfeitamente?