“Quando crescer, quero ser pobre”
De repente, a professora de geografia lançou a clássica pergunta aos alunos da 82
De repente, a professora de geografia lançou a clássica pergunta aos alunos da 82:– O que querem ser quando crescerem?
Após um rápido cheiro de neurônios queimados no ar, ouviu-se:
– Embaixador.
– Médico.
– Jornalista.
– Atriz.
– Professora.
– Analista de Inteligência Competitiva.
– Comedor de lesmas.
Carlão sussurrou:
– Quero ser gay.
A turma explodiu em risos. O nanico encheu a boca:
– Quero ser grande.
O ruivo, sentado imediatamente atrás dele, respondeu:
– Quero ser rico, milionário.
Após um breve silêncio, a professora repetiu a pergunta:
– E você, Bruninho, o que quer ser quando crescer?
A resposta não demorou nada:
– Quero ser pobre.
– Poooobre?
– Quem a não ser o pobre tem dois pais, profê?
– Dois pais?
– O pai de criação e o governo que é o pai dos pobres.
– Pode explicar melhor, Bruninho?
– O governo tem mais de vinte programas de caridade para os pobres... “Fome Zero”... “Bolsa Família”... “Bolsa Escola”...
– Tudo bem, e o que mais?
– Tem o “ProUni”, o “Minha Casa, Minha Vida”.
Professora com cara de ãhh. Bruninho andou com o argumento:
– Pensa que acabou, Profê? Pobre tem o “Luz para Todos”, “Vale-Gás”...
A turma toda caiu na gargalhada, menos Bruninho que continuou:
– Pobre tem o “Brasil sem Miséria”. Logo terá telefone gratuito também.
A professora espetou a sobrancelha e censurou-o:
– Pelo amor de Deus, você precisa sonhar alto, Bruninho.
– Sonhar, Profê? Ao pobre basta um sonho de padaria ou um sonho de valsa!
A professora tentou falar alguma coisa, mas as palavras ficaram trancadas na garganta. Bruninho prosseguiu:
– Pobre recebe doações de todo mundo. Pode participar dos programas de TV do Gugu, Faustão, Huck e do Portioli e ganhar um montão de prêmios. Pode ganhar, inclusive, uns bons agrados em tempos de eleições.
Por um momento, o silêncio caiu sobre a turma perplexa. Bruninho quebrou-o ao dizer:
– Pobre não precisa se preocupar com o leão.
A Professora tornou a perguntar:
– Que leão?
– Do imposto de renda, profê.
– Que absurdo, Bruninho...
– Pobre tem um carro velho e está isento até do IPVA, Profê.
Gargalhadas gerais. Bruninho tornou a justificar a sua escolha:
– Pobre tem a vantagem de não viver cercado por mulheres interesseiras e oportunistas.
Mais gargalhadas. Bruninho inspirou fundo e finalizou:
– Pobre é o primeiro no reino dos céus.
Dessa vez ninguém riu.