Igreja Matriz de Nova Pádua: Linda, imponente e cheia de história
Construção começou a ser cogitada em 1887, quando “vênetos e lombardos, ligados por um sentimento de irmandade, desejaram erigir um templo para honra e glória de Deus”
Entre os dias 16 e 26 de fevereiro Nova Pádua festejará a 15ª Feprocol. As atividades ocorrem no entorno da Igreja Matriz. Sob as bênçãos de Santo Antônio, o templo religioso se destaca por sua imponência. Começou a ser cogitado em 1887, quando “vênetos e lombardos ligados por um sentimento de irmandade desejaram erigir um templo para honra e glória de Deus”. As terras foram doadas por Giuseppe Mantovani e sua bênção final ocorreu em 2 de maio de 1889. Era uma igreja toda de tábuas de cedro. Foi dedicada a Santo Antônio de Pádua, já que grande parte dos moradores era oriunda de Pádova, na Itália. Quase dez anos depois, em 1897, com a chegada do padre Dom Giulio Scardovelli foi iniciada a construção de uma nova igreja, já em alvenaria, inaugurada em 13 de junho de 1900. Mesmo em formato simples, com cobertura em duas águas, a nova igreja tinha por pretensão acomodar mais fiéis. Sobre ela, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom João Becker, proferiu: “não há igreja em toda arquidiocese que esteja tão bem e ricamente provida”. Com o crescimento da população, a bela e modesta igreja foi se tornando pequena e um projeto ambicioso foi planejado. Em 19 de abril de 1960, o bispo Dom Benedito Zorzi, filho de Nova Pádua, autorizou a reforma. Em outubro de 1960 foram iniciados os trabalhos.Para construir um templo tão grandioso era preciso mobilizar a comunidade para angariar fundos. E eles vieram de todos os lados. A prefeitura autorizou a abertura de estradas para acesso a duas pedreiras para retirada de material; os moradores doaram pinheiros e se voluntariaram com mão de obra; a paróquia realizou campanhas com casais, viúvos e jovens para apadrinhar as portas, adquirir a Via-Sacra em alto relevo e construir a escadaria; e algumas famílias doaram itens importantes, como os vitrais e o tabernáculo. Coube ao pintor Attílio Pisoni, discípulo de Aldo Locatelli, com ajuda de José Simionatto, decorar a majestosa igreja. Quem se atentar aos detalhes, poderá admirar o teto, que conta com pinturas religiosas e frases das obras de misericórdia, também chamadas de atos de misericórdia. Diversificada estatuária sacra complementa a decoração. As esculturas, como o pelicano acima do frontão central, são da Fábrica Zambelli, famosa por suas obras. Em 1965 a igreja estava quase pronta. Uma missa celebrada consagrou o templo e nove crianças receberam o sacramento na nova fonte batismal. “No dia 6 de dezembro de 1965, às 20h, a menina Neusa Vezzaro ligava a chave de iluminação das escadarias, com admiração de todos”. (Livro Tombo n.3 p. 17).Depois de seis anos de muito empenho, em 23 de abril de 1966, ocorreu a inauguração e consagração da nova Igreja Matriz de Nova Pádua. As festividades se estenderam por dois dias. Sua beleza, imponência e significância para os paduenses e visitantes, a tornou ponto de referência de incontáveis missas, festejos, casamentos, funerais e encontros de bispos - como aquele datado de 21 de novembro de 1948 e que reuniu os bispos Luiz Scortegagna, Benedito Zorzi e Henrique Gelain. Sob o olhar atento de Santo Antônio e das graças de Nossa Senhora da Saúde é um verdadeiro elo de ligação entre toda a população.
Curiosidade:
Durante muito tempo, dois quadros presentes na Igreja chamavam atenção e intrigavam a população por conterem “as imagens do demônio”. As pinturas ilustravam a ‘Morte do Justo’ e a ‘Morte do Pecador’. Cada uma representa o homem em seu leito de morte. Nos quadros, o justo é retratado com expressão suave e com a família ao lado. Ele segura um crucifixo e um padre lhe dá a extrema-unção. Autoridades religiosas e anjos o cercam. No chão, afastado, está a figura do demônio.
A ilustração do pecador é diferente. O homem está sozinho. O ambiente é escuro. Não há padre e nem família. À espreita, alguns demônios cercam a cama do moribundo.
Atualmente, os quadros encontram-se no memorial da Paróquia Santo Antônio, junto a escadaria para o coro alto, antiga cantoria.
Quadros ilustram a ‘Morte do Pecador’ (E) e a ‘Morte do Justo’ (D).