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Secretaria da Administração de Flores da Cunha abrirá sindicância contra guarda municipal autor de vandalismo

Insatisfeito com o corte de horas-extras, servidor quebrou vidros e ligou de madrugada para o prefeito Lídio Scortegagna

O corte do pagamento de horas-extras a um grupo de guardas municipais de Flores da Cunha em meados de agosto deste ano teve uma reação inesperada na madrugada de domingo, dia 13 de outubro. Vidros de uma porta dos fundos do Centro Administrativo foram arrebentados por um homem, este posteriormente identificado como um guarda municipal de 56 anos flagrado pelas câmeras de monitoramento da prefeitura. O assunto foi mantido em sigilo até terça-feira, dia 15, após o prefeito florense Lídio Scortegagna (PMDB) receber uma ligação em casa na qual um homem, em tom ameaçador, pediu se ele amava a família. “É da casa do prefeito? É o prefeito? Tu ama tua família? Porque se tu ama devolve as horas-extras dos guardas”, ameaçou o homem, segundo relato do prefeito. Pouco depois, às 3h30min, a moradia do vice-prefeito Almir Zanin (PSB) também foi alvo de uma ligação, esta atendida pela esposa. 

Além dos vidros quebrados um bilhete foi deixado ao prefeito (clique aqui para ver o vídeo do ato de vandalismo). Uma sala destinada aos guardas municipais localizada junto aos banheiros públicos da Praça da Bandeira também foi depredada no domingo. Por volta das 10h de terça Lídio e Zanin foram até a Delegacia de Polícia (DP) de Flores da Cunha para registrarem queixa sobre as ameaças e sobre o dano ao patrimônio público.

A delegada Aline Martinelli diz que o suspeito, já identificado, seria ouvido e, provavelmente, responderá a dano qualificado e ameaça. O homem não foi preso em flagrante porque os delitos, conforme a delegada, são de potencial reduzido. “Pelos danos ele pode pegar de seis meses a três anos de prisão e, pelas ameaças, de um a três meses de prisão, caso seja condenado”, explica Aline. O caso do prefeito será remetido ao Tribunal de Justiça (TJ-RS) pelo fato de ele ter foro privilegiado, informa a delegada. Na prefeitura o caso é acompanhado pela Secretaria de Administração e Governo – o secretário Luiz Antônio Zenatto solicitou a criação de um procedimento administrativo para o caso ser apurado. Uma das consequências pode ser a exoneração do servidor.

Alegação
Em depoimento na Delegacia o guarda municipal admitiu que quebrou os vidros, efetuou as ligações e escreveu o bilhete. Contudo, negou danos nos banheiros da Praça da Bandeira. Ele disse que constantemente toma remédios para depressão e pretendia apenas “assustar” o prefeito. O homem também contou que se sentiu injustiçado com o corte das horas-extras, fato que acabou reduzindo consideravelmente seu salário. Ontem, quinta, o prefeito Lídio lamentou novamente o caso e solicitou que fossem tomadas as medidas administrativas pertinentes. “Depois que recebi a ligação não consegui mais dormir. Queria saber o motivo, a razão”, resume Lídio, que não revela se tomou medidas extras para preservar sua segurança e a da família.

Relembre o caso

- Metade dos guardas municipais de Flores da Cunha paralisou as atividades na segunda semana de agosto após o grupo ser remanejado para o turno do dia. Além de reivindicarem a revogação da medida e voltarem ao turno da noite, os servidores pediram a demissão do diretor do Departamento de Trânsito, Décio Stangherlin, o Marinho, alegando assédio moral e falta de aviso prévio na mudança de horários. Os guardas ficaram paralisados por alguns dias.

- Com a troca de turno (sem o adicional de 20%), por exemplo, o salário de um dos guardas caiu de R$ 1.350 para R$ 870. O prefeito Lídio Scortegagna (PMDB) lembrou que o custo das horas-extras é uma grande preocupação na administração e que o objetivo principal do remanejamento de parte dos servidores que atuavam à noite foi a redução de gastos – a economia mensal seria de aproximadamente R$ 20 mil.
- Marinho ficou até o dia 30 de setembro à frente do Departamento de Trânsito. Em seu lugar assumiu o tenente da reserva da Brigada Militar Pedro Vilmar de Oliveira.
Delegada Aline com o prefeito Lídio (D) e o vice Zanin (C). - Fabiano Provin
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