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O viável (e difícil) transporte coletivo

Na última semana o serviço, que tem a empresa Expresso Kurz como prestadora, completou dois anos, período em que ganhou usuários, mas ainda concorre com veículos que transportam passageiros irregularmente.

 Aos 66 anos, a aposentada Teresa Moreto, moradora de São Gotardo, não poupa palavras para comentar a importância do transporte coletivo no seu dia a dia. A florense que trabalhou durante a vida como servente de banco depende do transporte para tudo, até para comprar seus remédios. “Uso desde que foi criado, facilitou muito e tem mais opções de horários. Como moro sozinha, dependo do transporte para fazer minhas compras. Se um dia faltar estou lascada”, comenta, bem humorada. Dona Teresa é um exemplo de quem esperou pelo longo caminho, muitas paradas e uma viagem por estudos de viabilidade, contratações e prazos vencidos, até que o transporte coletivo público ganhasse as ruas de Flores da Cunha no dia 26 de fevereiro de 2013.
Na última semana o serviço, que tem a empresa Expresso Kurz como prestadora, completou dois anos, período em que ganhou usuários, mas ainda concorre com veículos que transportam passageiros irregularmente.
Com tarifa única de R$ 2,30 – há um pedido de reajuste em avaliação pelo poder público –, hoje o transporte coletivo conta com quatro linhas e 13 itinerários que sofreram diversas alterações desde seu início, levando em conta a demanda e adesão da população – aconteceram reduções e até a extinção de alguns horários e linhas. Para o proprietário da empresa prestadora do serviço, Mauro Kurz, embora viável, o transporte em Flores ainda é deficitário em função da falta de fiscalização perante outros veículos que transportam passageiros dentro do município. “São veículos clandestinos que passam pelas paradas oferecendo valores inferiores ao nosso. Embora o serviço esteja se sustentando, esse problema a prefeitura deve resolver com a lei que regulariza os transportes fretados”, acredita Kurz.
Hoje o transporte coletivo conduz uma média de 4,5 mil pessoas por mês. A estimativa descrita na licitação inicial era de 26 mil usuários mensais. “Levando em conta o estudo e a experiência de 19 anos da Expresso Kurz, sabemos que no momento em que o município regularizar a situação vamos transportar esse número de pessoas. Estamos tendo um prejuízo hoje de 20 mil passageiros mensais, ou seja, em 24 meses são 480 mil passageiros que deviam ter utilizado o transporte, mas devido à falta de fiscalização encontraram outros meios. Isso acarretará resultados problemáticos para o serviço”, alerta Kurz.

O que diz a prefeitura
De acordo com a secretária de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito, Ana Paula Ropke Cavagnoli, o primeiro ano de transporte coletivo foi experimental e o segundo serviu para firmar o serviço e começar a ganhar usuários. “Percebemos que cada vez mais as pessoas estão aderindo ao transporte público. Ele está se tornando mais viável, pois no início, muito por costume das pessoas, não foi aceito. Ainda não está 100%, não é o ideal, mas estamos evoluindo, é tudo questão de hábito para que as pessoas utilizem o serviço”, acredita a secretária.
Quanto ao uso irregular de outros veículos, Ana Paula aponta a dificuldade em controlar uma forma de transporte utilizada por tantos anos. “Ainda existem veículos que não podem, mas transportam passageiros. É difícil barrar isso e alertamos muitos usuários. Tivemos por diversas situações o acompanhamento policial e da diretoria de Trânsito, mas acredito que isso também seja questão de tempo para melhorar”, complementa.
O prefeito de Flores da Cunha, Lídio Scortegagna (PMDB), explica que o projeto de lei para regularizar os transportes fretados está sob análise, pois depende de uma série de fatores, como a estrutura técnica para fiscalização. “Estamos avaliando o processo como um todo e vendo qual o melhor caminho para o município. Esse é o passo para a criação de uma legislação nova e que regra algo que já está em atividade, por isso precisamos analisar sua aplicabilidade”, pontua Scortegagna.

Opção de deslocamento
A estudante Kátia dos Santos da Cunha, 17 anos, utiliza o transporte público há alguns meses. Para ela, é uma opção para ir para casa, no loteamento Pérola. “Minha família toda usa, com certeza veio para ajudar, mas penso que poderiam ter mais horários disponíveis”, propõe a jovem. Ela utiliza umas das linhas com mais demanda entre as quatro existentes. Porém, o fluxo é distinto, como, por exemplo, o ônibus que vai até o Travessão Carvalho, no distrito de Otávio Rocha, uma das linhas mais deficitárias. “É completamente inviável, o ônibus vai e volta vazio. Para a linha de Otávio Rocha somente nós temos a concessão, mas existe um ônibus intermunicipal que faz esse caminho. O mesmo acontece na linha de São Gotardo. Em Nova Roma, então, temos vários concorrentes”, lamenta o permissionário da Empresa Kurz, Mauro Kurz.
Para qualificar o transporte e ganhar novos usuários, a empresa abriu pedido para implantar o transporte seletivo no município, onde o serviço é feito por veículos menores, com bancos rodoviários e ar condicionado. “É como um serviço executivo, que dá mais conforto aos usuários”, complementa Kurz. O valor das passagens, de R$ 2,30, também teve pedido de reajuste por parte da empresa. “O transporte coletivo está sendo viável, tanto que o estamos mantendo. O único problema é que o serviço precisa ser regularizado, sem que a população troque o coletivo por qualquer outro. Hoje o transporte público em Flores é uma necessidade imensa, as pessoas precisam dos ônibus, cabe à administração fiscalizar para que a nossa demanda seja correspondente a da licitação”, pondera Kurz.
Para informações sobre as linhas, reclamações ou sugestões, a Secretaria de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito atende pelo telefone (54) 3292.1722. O Expresso Kurz também disponibiliza um número de telefone para contato (54) 3292.3793.
 - Camila Baggio
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