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Ainda falta qualidade ao sinal da telefonia celular

Queixas contra operadoras aumentam a cada ano nos órgãos de defesa do consumidor. Usuários de Flores e Nova Pádua também sofrem com deficiência

Mais do que um problema pessoal, a falta de sinal do telefone celular prejudica o trabalho do diretor empresarial Leonardo Costa. À frente de um empreendimento que tem 22 representantes atuando no país, uma boa comunicação é essencial para garantir o bom atendimento aos clientes. Infelizmente o empresário sofre com a dependência do celular e a falta de sinal da operadora. “Formalizamos a reclamação com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e também com o distribuidor da nossa operadora na região, a Vivo, mas não tivemos retorno. A situação é bem prejudicial para a empresa. O maior receio não está nas ligações que não consigo fazer, mas para a venda de nossos produtos é fundamental que o cliente consiga nos contatar e estamos perdendo com atendimento”, lamenta Costa.

A empresa comercializa guindastes no Brasil e os problemas com a falta de sinal e com as ligações que não completam se tornou uma situação cada vez mais comum. “A imagem da empresa acaba se abalando, pois os clientes ligam e não conseguem o contato, assim como nossos representantes. A única posição que nos foi passada pela Vivo foi um problema de antena que seria realocada, mas isso há seis meses”, acrescenta. A empresa fez a troca de operadora para tornar o processo mais barato e facilitado. O último contato com a Anatel e com a Vivo ocorreu na semana passada, também sem retorno. “Estou deixando de vender. É difícil imaginar que não tem sinal dentro da própria empresa”, frisa o diretor.

O mesmo problema também afeta o negócio do corretor de imóveis Melchior José Vecini. Desde fevereiro ele sente dificuldades na hora de usar os serviços de telefonia, problema que está piorando. “A qualidade é péssima, as ligações têm ruído, além de caírem a todo o momento. Ligar para a operadora se mostrou tempo perdido, já que eles fazem de tudo para desestimular”, opina Vecini. O trabalho de vendas é muito ligado ao telefone, e com o serviço debilitado o empreendedor perde em qualidade e tempo. “Precisamos fazer três ou quatro ligações o que poderíamos resolver em apenas uma. Ter um serviço bom ou pelo menos o mínimo aceitável deveria ser obrigação”, aponta Vecini.

Procon orienta
Quando uma situação atinge os direitos de alguém, como o serviço de telefonia que não atende as necessidades dos clientes, é possível acionar o Programa de Defesa do Consumidor (Procon), que fiscaliza, auxilia e orienta a comunidade sobre seus direitos e deveres nas transações comerciais. O coordenador do Procon de Caxias do Sul, Dagoberto Machado dos Santos, destaca que o contato com a empresa deve ser o primeiro passo diante de um problema no serviço. “O cliente deve buscar a solução com a empresa e, importante: sempre anotar o protocolo. Caso não seja resolvido, o Procon pode ser procurado. Em Flores da Cunha, que não possui um Procon municipal, a população deve procurar o Procon estadual, que tem competência para atender todos os municípios”, orienta Santos.

O coordenador destaca que cada caso é uma situação diferente, o que exige atenção. “São diversos os problemas que podem gerar a reclamação, desde o serviço ruim, cobrança indevida, maneiras de contrato até mau atendimento. As reclamações crescem em todo o país e a tendência é de aumentar cada vez mais. O consumidor precisa estar sempre atento”, recomenda. Segundo o Procon, a Anatel, por ser uma agência reguladora, também pode receber demandas. Hoje, 80% das reclamações que o Procon gaúcho recebe são de serviços de telefone.

O que dizem

Anatel
Em nota divulgada pela Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) ao jornal O Florense, a instituição diz que tem atuado e fiscalizado as prestadoras de maneira a garantir a melhoria na qualidade dos serviços prestados aos consumidores. O controle da Agência visa evitar a alteração da qualidade das conexões ofertadas, como garantia de velocidades instantânea e média; realizar pesquisas de campo para aferição da qualidade percebida pelos consumidores e de seu grau de satisfação; e acompanhar periodicamente o cumprimento das metas de qualidade estabelecidas.

Vivo
A reportagem do O Florense contatou a assessoria de imprensa da operadora Vivo no início da semana, porém, até ontem não obteve resposta para os problemas relatados.


Nova Pádua luta por mais sinal
A demanda é antiga em Nova Pádua: um serviço de qualidade na telefonia móvel. Atualmente apenas a operadora TIM tem uma torre com abrangência no território, porém, limitada. O poder público tentou inúmeras vezes o contato com outras operadoras e também com a Anatel buscando melhoria de sinal na região, contudo, nada aconteceu até hoje.

O presidente da Câmara de Vereadores de Nova Pádua, Silvino Maróstica (PSDB), cita os inúmeros ofícios encaminhados para operadoras. O último foi encaminhado pela Casa em março deste ano. Na sessão ordinária do dia 29 de abril uma nova indicação foi encaminhada. “Já fizemos várias indicações tanto para ter uma torre de maior alcance quanto para que a que temos seja ampliada. O problema se estende também para o nosso telefone fixo. Em termos de telefonia Nova Pádua está muito mal”, lamenta Maróstica.

O pedido pela instalação de uma antena melhorando sinal do Centro e interior do município, que conta com 103 quilômetros quadrados, é antigo. “Pelo fato de ser um município que se localiza entre vales, o sinal torna-se precário. Por esse motivo as pessoas de outras cidades que visitam Nova Pádua ficam impossibilitadas de fazer ligações e, quando as fazem, dificilmente conseguem completá-las”, aponta o último ofício encaminhado. “No ano passado a resposta que tivemos da Anatel foi que a prioridade na instalação de novas torres está sendo dada para municípios que não têm nenhuma torre. Nós temos uma, porém muito precária”, complementa o vereador.

A situação prejudica não só os moradores, mas os visitantes. “É ruim para nós, moradores, mas fica ainda pior quando recebemos turistas”, constata Maróstica. O prefeito de Nova Pádua, Itamar Bernardi (PMDB), o Kiko, lembra que em 2011 representantes do município foram a Porto Alegre e visitaram todos os escritórios de operadoras. “A justificativa era pela prioridade em municípios sem antenas. Temos uma deficiência enorme”, sustenta Bernardi.

O que diz a Anatel
No caso de Nova Pádua, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgou a seguinte nota: “Não há um número mínimo de estações radiobase (antenas) em relação à população. Entretanto, as operadoras devem cumprir as metas de qualidade do serviço previstas na regulamentação, tais como taxa de completamento de chamadas, taxa de queda de chamadas e taxa de conexão de dados, estando sujeitas a punições pelo descumprimento destas obrigações. Adicionalmente, existem outras ações pontuais com o mesmo objetivo. Como exemplo, citamos as medidas cautelares que, em julho de 2012, suspenderam a comercialização de novas linhas de algumas empresas de telefonia e banda larga móvel. Como resultado desta medida, as empresas afetadas tiveram que apresentar planos de expansão e investimentos em infraestrutura para o próximo biênio, que estão sendo acompanhados pela Anatel”.



No Procon gaúcho 80% das reclammações envolvem serviços de telefonia móvel. - Camila Baggio
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