Economia

Placas de ‘aluga-se’ se proliferam em Flores da Cunha

Estimativa é que pelo menos 20% dos espaços comerciais de Flores da Cunha estejam desocupados

Até poucos anos atrás encontrar uma sala comercial para alugar na área central de Flores da Cunha não era uma tarefa fácil. Mas a situação mudou nos últimos tempos. Circular pelo município é se deparar com um cenário de salas comerciais vazias. Onde antes havia lojas de roupas, farmácias, cama, mesa e banho não raro encontram-se placas de ‘aluga-se’. A estimativa, em consulta com imobiliárias do município, é de que 20% dos espaços comerciais estão desocupados. Por exemplo, na Rua Borges de Medeiros, uma das mais movimentadas do município, existem pelo menos seis salas vagas. Essa situação é o resultado da retração econômica que atinge o país e que pôs freio no crescimento das empresas, e também da grande oferta de novos prédios comerciais.

Uma das causas apontadas para esta sobra de imóveis seria o fechamento de algumas empresas. De acordo com o Perfil Socioeconômico 2016 de Flores da Cunha, o município teve uma redução de 50 empresas no ano passado, no comparativo com 2015. A indústria apresentou uma queda de 19 estabelecimentos, os serviços e os autônomos reduziram em 24 e apenas o comércio mostrou um crescimento de 17 empreendimentos, embora o setor de vestuário tenha diminuído em seis estabelecimentos. Aliado a isso, soma-se o desemprego, que em 2016 fechou com um déficit de 174 postos de trabalho.

O proprietário da Imobiliária Francescatto, Oscar Francescatto, que está no mercado há 31 anos, atribui a sobra de salas comerciais a alguns fatores, em especial as dificuldades econômicas nas empresas que acabaram refletindo no setor de locações; a concorrência com o comércio online, o que dificulta a abertura de novos negócios; a proliferação de salas aéreas na cidade; e o valor do condomínio. “Eu diria que hoje, devido ao reflexo da crise, o pessoal tem medo de abrir um negócio e a tendência é que sobre apenas o comércio que tem sala própria. Até pouco tempo não era preciso anunciar a locação, hoje tu vê placas visíveis de aluga-se no Centro. A construção civil teve um boom, só que acabou dando uma freada muito brusca e isso se refletiu nas locações dos imóveis”, cita Francescatto.

Para o empresário, existem hoje no município ruas específicas para a locação de salas. A principal delas seria a Borges de Medeiros, seguida por parte da Avenida 25 de Julho. Há ainda pontos singulares na Rua Dr. Montaury, Júlio de Castilhos e Professora Maria Dal Conte. “Fora desses locais fica bem difícil alugar, até porque as lojas precisam de fluxo de pessoas e se não há isso, elas têm dificuldades de vendas. Já as salas aéreas são muitas para o número populacional e a maioria não está adequada para o atendimento de qualquer ramo profissional”, pontua Francescatto.

Alternativas

Para driblar o aumento do número de imóveis vagos, as imobiliárias têm buscado soluções alternativas, como a redução dos valores. Conforme o corretor de imóveis Alan Sozo, da Sozo Imóveis, diminuiu-se o número de inquilinos comercial e residencial em torno de 8% e aumentou-se a inadimplência, por isso muitas negociações giraram em torno da redução do valor do aluguel. “Estamos sempre tentando se adequar a situação do mercado atual. Conciliar os dois lados para se chegar a um denominador comum, bom tanto para os proprietários, quanto para os locatários. Entretanto, há muitos proprietários que preferem manter o imóvel fechado em vez de baixar o valor do aluguel. Hoje o mercado pede uma readequação”, afirma Sozo. Para Francescatto, além da redução nos preços dos aluguéis, o valor do condomínio influi na diminuição das locações. “Nós tivemos que fazer uma espécie de black friday ano passado e reduzimos os preços de vários imóveis, mas também tem o fato de que muitas pessoas não locam por causa do valor do condomínio, que em Flores da Cunha não é barato”, destaca.

No município, os valores de aluguéis de salas comerciais são bastante variáveis, mas um espaço na Rua Borges de Medeiros com 180m² não sai por menos de R$ 2 mil mensais, mais o condomínio.

Expectativas positivas

Apesar do crescimento de imóveis desocupados, a expectativa é de este ano haja uma pequena melhora no setor de locações e os corretores de imóveis estão mantendo o otimismo. “O ano passado foi mais sentido, mas 2017 está retomando aos poucos. Vamos evoluir lentamente. Acredito que esse ano terá menos dificuldades e o próximo será melhor ainda”, acredita Sozo. A dificuldade do momento atual também é tida como passageira para Francescatto. “Eu acho que 2017 haverá uma pequena melhora e ter mais movimentação, até porque a safra da uva deste ano será muito melhor do que a do ano passado, quando os agricultores colheram metade da produção apenas”, assegura.

 

 

Redução do preço dos aluguéis é uma alternativa praticada pelos corretores para atrair locatários. - Antonio Coloda/O Florense
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